Em busca do perfeito “Mike Linebacker”

Uma espécie em vias de extinção...

Seu time precisa de um líder ? De alguém que leve o time a vitória quando o placar está favorável e traga para a vida quando a derrota é iminente ? Precisa de alguém que faça running backs suarem frio ao escutar “corrida por dentro” e recebedores se recusarem a fazer rotas para a zona baixa do meio ?

Provavelmente você precisa de um Mike Linebacker, e provavelmente você não joga em Portugal.

Vamos analisar primeiro a posição como um todo. Existe nessa posição requerimentos excessivamente altos, que fazem de jogar futebol americano (tarefa já bastante difícil em qualquer posição) um trabalho 24/7. Veja se você possui todos eles (ou algum):

  1. Resiliente, capaz de enfrentar de cara linha ofensivos (Guards e Offensive Tackles) várias vezes maiores e mais pesados que você. O jogo inteiro.
  2. Agressivo, precisando agredir com paixão atacantes com a bola na sua região do campo. Ou ir buscá-los se eles te respeitam e fogem de você.
  3. Inteligente, porque a manutenção da jogada quando o caos começa no snap é sua responsabilidade. No meio da tempestade você é o farol.
  4. Físico, seu condicionamento, velocidade e força tem de estar a par de corredores, linhas e recebedores. Você tem de ser tudo isso em um homem só.
  5. Liderança, para organizar, coordenar, reger e cuidar da defesa quando seu treinador já passou as ordens. Seus erros são seus, e os dos outros também.

Ter todos esses checks por si conseguem excluir muita gente que joga futebol americano. São necessidades que tornam a posição muito complicada de se fazer com excelência, e ainda mais formar atletas que consigam estender isso a outros times em seu gameplan a ponto de formular ataques que fujam para longe desse atleta, o que é mais seguro para o ataque.

Entretanto, no caso português em especifico, seja pelo baixo número de times ou pela alta consideração dos atletas pelo desporto que praticam, vejo quase todos os times com um representante (e que representam bem) essa classe tão difícil e rara.

Vamos analisar como cada um deles em seu time atinge esses objetivos e se este fosse comparado a um atleta da NFL quem ele se aproxima em sua aproximação do físico e de jogo:

Cascais Crusaders – José Sarsfield (Fred Warner)

Ele está em todo o campo. Ao mesmo tempo. O tempo todo. Se quiser correr para dentro considere bloqueá-lo pq ele vai tocar no corredor. Para fora a mesma coisa. A blitz é sempre um perigo pela velocidade que é executada. E eu não lançaria a bola pro meio do campo se quiser continuar com a posse dela!

Maia Mutts – Marcony Alzaga (Patrick Willis)

É muito difícil ganhar uma vantagem contra esse jogador. Ele é rápido, forte e alto. Não vai ser fácil passar contra ele, não vai ser fácil correr contra ele e não vai ser fácil parar ele quando ele decidir atravessar a linha até o lançador. Se quiser jogar contra ele é com a bola longe dele, o que é favorável para a defesa que é constituída por bons cornerbacks!

Lisboa Devils – David Martins (Brian Urlacher)

“Uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial”. Conceito de dor ou de jogar contra esse linebacker. Ele vai agredir e ser extremamente físico toda vez que tocar em alguém, e ele gosta do que faz. Aliar isso é sempre um perigo a quem está do outro lado da bola!

Salgueiros Renegades – João Mota (Ray Lewis)

A defesa é uma orquestra e ele é o maestro. A combinação de versátil e extremamente experiente, faz desse atleta um dos mais perigosos dentro da box. O capitão trabalha em uma sincronia selvagem com seus agressivos defensive tackles fazendo com que todos que queiram correr venham em sua direção, deixando o ataque sempre em posição complicada!

Braga Warriors – Leandro Gonçalves (Terrell Suggs)

Quando você vê um box com um só linebacker entre os tackles significa que aquele cara consegue parar tudo que se mexe entre esses gaps. E fazer isso é uma tarefa hercúlea pela qualidade dos corredores da liga ! Entretanto Leandro executa ela com um sorriso no rosto e tackles certeiros sempre que está em campo. Ter de jogar na altitude e no frio de Braga, levando com contatos desse mike é sempre um sofrimento.

É, não é nada fácil ser um Mike. Porém somado ao peso das necessidades está o sentimento de pertencimento que um atleta vai ganhando por parte do respeito com que a equipa vai dando a sua pessoa e seu trabalho em campo e fora dele.

Como líderes cai responsabilidades que não imaginamos e que na maioria das vezes nem pensamos serem nossas. Isso por muitas vezes exaustivo, mas extremamente recompensador, principalmente mas não exclusivamente nas vitórias, mas quando você gera frutos que podem ser colhidos com suas próprias mãos, como bons resultados defensivos ou atletas novos que despontam graças a você poder facilitar o trabalho dos mesmos ou guiá-los por este caminho.

Achar, tornar e ser a pedra chave defensiva vai muitas vezes extenuar, mas vai manter todo o arco em pé.

Convencido de que o melhor que poderia fazer no desporto era todas essas tarefas e substituir um desses alicerces defensivos quando um deles decidir parar ?

Ou vai ser ainda mais, desejando enfrentar eles do outro lado da bola e testando os limites da sua própria coragem (ou loucura)?

Partilhar :