Alinhamentos defensivos em Portugal

Existem vários motivos do porquê de treinadores defensivos usarem o alinhamento em 3-3 para defender mas em Portugal o maior fato é o biotipo europeu.

Ao contrário dos americanos, a dieta e forma de vida deste lado do oceano proporciona uma população muito abaixo do peso médio e da paixão pelo contato para a aquisição de muitas linhas ofensivas ou defensivas.

Podemos salientar que essa dificuldade alinhada com maior intensidade e velocidade deixa mais fácil trazer atletas mais fortes para a linha que não estejam propriamente em três pontos atacando um linha às vezes 30 kg mais pesado.

Taticamente também faz muito sentido, pois temos coordenadores ofensivos quase em uníssono usando ataques com três recebedores ou mais, em sistemas que contam com screens e passes curtos assim como usando tight ends e fullbacks.

Em técnica, é muito mais simples por conta das menores necessidade e requerimentos que os atletas que giram em torno dos pivôs principais (mais a frente trataremos disto) que este sistema requer para ser bem sucedido. Precisando de uma defesa que cubra tudo isso, mais e mais treinadores começaram a usá-lo, cada um com seu formato, “look” e ritmo próprio.

Exemplos de alguns jogos da liga portuguesa de Futebol Americano onde os Braga Warriors utilizam uma formação 3-3 com linebackers a alinharem por fora dos tackles e os Lisboa Bulldogs em 3-3 Stack contra uma formação ofensiva Spread.

O que é necessário para funcionar?

Existem três pilares centrais para essa defesa funcionar em completa sincronia:

NOSE TACKLE – alinhado em frente a bola, a posição mais difícil na minha opinião para um atleta de futebol americano nesse sistema porque tem muito envolvido em seu jogo: pelo alinhamento em campo vai levar dois (às vezes três) bloqueios o tempo todo, requer ser pesado o suficiente para não ser arrastado pelos bloqueios e móvel o suficiente para mesmo assim gerar pressão na parte central da linha; pode passar o jogo inteiro sem efetuar um tackle ou um sack e mesmo assim ser o melhor em campo (lidar com egos …) e por fim, mas não menos complicado e importante, extremamente paciente em saber que tudo isso é para o bem da defesa como um todo.

Jogadores em destaque nessa posição (ou que caberiam muito bem nela):

  • Naka (Navigators)
  • Nico (Bulldogs)
  • Joel (Mutts)
  • Rui Reis (Renegades)
  • Manuel Seixas (Warriors)

 

MIDDLE LINEBACKER – Se já é um leitor da página sabe o que é necessário para um linebacker de topo. Entretanto, neste formato de jogar temos pontos a mais. A flexibilidade de ter que enfrentar linhas no segundo nível, blitz em gaps centrais e no meio disso controlar movimentações de linha e de linebackers que são essenciais à vitalidade do sistema dentro do fluxo do jogo não podem ser separáveis. Tudo de ser feito por este homem. Personagens principais (cast repetido) nesse teatro defensivo:

  • Leandro Gonçalves (Warriors)
  • João Mota (Renegades)
  • Nickson (Bulldogs)
  • David Martins (Devils)

 

ROVER / NICKEL / EDGE – independente de como queira chamar no seu playbook, essa é uma posição “apagada” no país. Interessante entretanto porque também é crucial para que funcione o sistema com seis homens no box. Esse homem alinhado no recebedor mais próximo da linha tem que dar suporte terrestre em corridas por fora (ele alinha geralmente no espaço maior do campo) e suporte aéreo em combinação com os safeties e corners desse lado do campo.

Esse requerimento de performance em força e velocidade faz dessa posição uma das mais difíceis de se atingir atleticamente. Entretanto alguns nomes ainda se destacam e são relevantes no trabalho que executam em sua equipe (alguns não jogam propriamente na posição mas conseguiriam pela sua capacidade (e onde quisessem pela sua qualidade)):

  • Sandro (Renegades)
  • Leonardo Morais (Devils)
  • João Marques (Crusaders)

 

COMO EXECUTAR para obter bons resultados?

Mas como defender tudo com menos presença na linha e ao mesmo tempo mais presença no segundo nível contra running backs excelentes (vamos conhecê-los nos próximos artigos) ao mesmo tempo que usam sistemas ofensivos que abrem o jogo para fora das hash?

Simples falar, difícil de fazer: criando caos organizado.

Aqui vão as três maneiras:

Stunts – Movimentações laterais, cruzando gaps e/ou atacando pontos diferentes da linha. Isso vai criar dificuldades para uma linha que acha que já está com blocos distribuídos e comunicados para apenas três pacíficos e ordeiros linhas. Em soma com as blitz, a desorganização causada por isso fecha gaps e linhas de passe que deveriam estar abertas, causando erros ao ataque apenas por executar diferente do planejado.

Blitz – Aqui reside a chave para um bom resultado nessa formação defensiva. Combinado com os stunts as blitz causam desespero ao quarterback que não consegue ler de onde a pressão vem previamente ao snap e pânico ao running back que vê gaps que estavam abertos pela formação fecharem por conta das rápidas trocas de gaps que a blitz inesperada causou. Efeito surpresa, velocidade e agressão a linha são chave para causar esse dano a organização ofensiva.

Shifts e shell – Como se não bastasse isso, com cinco defensores diferentes coberturas com diferentes “looks” podem ser executados girando sobre o mesmo alinhamento com diferentes homens descendo para o fundo ou atacando as zonas baixas criando confusão em um lançador que já está sofrendo com o caos no pocket. Ainda mais se o time for bem sucedido em com o mesmo alinhamento antes do snap executar variadas coberturas logo após o snap, como transições de alinhamento para coberturas homem a homem (press) virar um Cover 3 com transições de zonas baixas entre linebackers e defensive backs.

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Fotografia de capa: @timjoshuaphotography

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