O primeiro de três embates na capital aconteceu já no início de Março com os Lisboa Bulldogs a viajarem até casa dos Lisboa Devils para um jogo altamente antecipado.
O primeiro quarto do jogo deu-nos um nulo, ambas as equipas conseguiam movimentar a bola mas acabariam por ser sempre parados pelas defesas adversárias. Os Devils acabariam por ser ofensivamente a equipa mais perigosa, mas a defesa dos Bulldogs conseguiria a primeira intercepção do jogo ao tirar partido de um passe em profundidade de Bernardo Solipa.
Seria no segundo quarto que o jogo acabaria por desbloquear no placar, o jogador mais activo até ao momento era Bruno Cardoso que era utilizado no ataque dos Devils como um verdadeiro canivete suiço, mas seria a ligação “Solipa” que daria os primeiros pontos com os irmãos a conseguirem visitar a endzone pela primeira vez.
Os Bulldogs tentavam esboçar uma reação ofensivamente, mas o ataque liderado por André Braz nesta fase conseguia mover maioritariamente o jogo através de corridas de Pedro Monteiro e Paulo Alves, sendo que cometiam depois erros de execução, ora faltas, ora comportamentos anti desportivos, que acabavam por anular os bons ganhos que iam somando.
Seriam os Devils a dilatar a vantagem com uma jogada já próximo da goaline onde Bernardo Solipa encarnou o seu melhor “Peyton Manning” numa jogada onde simulou entregar a bola a “Juzz” Furtado e depois faria um bootleg para mais seis pontos.
No final da primeira parte o jogo ficou pautado por vários erros, André Braz com duas intercepções e Bernardo Solipa com outra, ambos fruto de tentativas de serem mais verticais e agressivos.
Ainda antes do intervalo teríamos a jogada mais bonita do jogo, com um “Vintage Juzz” a receber um passe curto do seu quarterback e depois a correr meio campo, fugindo a vários adversários e voltando a visitar a endzone. Nesta fase Guilherme Solipa que é o kicker da equipa dos Devils estava três em três e dava uma vantagem de 21 pontos à equipa da casa.
Na segunda parte o jogo começou muito bem uma vez mais para os Devils que aproveitaram a demora dos Bulldogs em regressar ao jogo e logo na primeira jogada voltamos a ter “tempestade Solipa” com um passe de mais de 60 jardas para Guilherme bisar na partida e fazer o seu quarto pontapé para dar vantagem de 28 pontos.
O jogo depois entrou numa sequência de “three and out” para ambas as equipas, pouca sequência ofensiva, até que os Bulldogs decidiram utilizar um ritmo sem huddle que finalmente ajudou a equipa a capitalizar com bons avanços, uma grande conversão em 4th down num passe de André Braz e eventualmente touchdown numa corriga de Pedro Monteiro pelo interior da sua linha ofensiva. O ponto extra não seria bem convertido.
Já no último quarto o jogo voltou a ficar embrulhado, ambas as equipas a terem pouca produção ofensiva, muitos erros de execução e alguma incapacidade, mais da equipa da casa, de gerir o relógio de forma mais consistente.
Já a fechar o jogo os Bulldogs alinharam para um passe em profundidade do seu quarterback secundário, Diovane Gimenez, passe esse que seria interceptado por Afonso Lucas e que correria campo inteiro para uma “pick 6”, a primeira da presente temporada. O ponto extra seria falhado por Guilherme Solipa.
O jogo terminaria com uma vitória da equipa dos Devils num jogo onde não foram perfeitos mas onde mostraram estar numa camada superior aos seus rivais de Lisboa. A sequela dos duelos na capital será a 20/21 de Abril com os Bulldogs a visitarem a casa dos Navigators e a triologia encerra a 4/5 de Maio com os Devils a visitarem também os Navigators.
Destaques pela positiva – Lisboa Devils
A explosão ofensiva continua bem presente com a ligação entre os irmão Solipa, o jogo de corrida é mais consistente com “Juzz” a alternar com Boris o que permite que ambos se complementem. A defesa joga num novo sistema (3-3) que difere de anos recentes, mas mostrou uma boa consistência e comunicação entre si.
Aspectos a melhorar – Lisboa Devils
Dois aspectos, o primeiro mais relacionado com gestão de jogo e fluidez, algo que os Devils têm tido crónicamente problemas e parece que este ano continua. A equipa tem dificuldade em jogar quatro quartos de futebol americano. O outro ponto, mais difícil de abordar, mas que outras equipas vão/podem explorar, é a falta de tamanho na equipa, em particular nas linhas ofensivas e defensivas.
Destaques pela positiva – Lisboa Bulldogs
A entrada no jogo não foi positiva mas o ataque deu uma boa resposta ao longo do jogo, o André Braz fez uns passes muito sólidos, com qualidade. O jogo de corrida devia ser mais foco porque realmente entra e os Bulldogs têm capacidade de controlar o jogo dessa forma.
Aspectos a melhorar – Lisboa Bulldogs
Gestão emocional da equipa tem e ser prioridade. Muitos erros de execução mental relacionadas com questões comportamentais. Isto é um “efeito borboleta” porque também é visível o mesmo na sideline com treinadores a atirarem equipamentos ao chão e perderem o controlo.
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