Os Lisboa Navigators viajavam até ao norte do país para defrontar os Braga Warriors e a expetativa era de um jogo bem disputado e onde os detalhes iriam entregar o vencedor.
A equipa da capital chegava a este jogo invicta, com duas vitórias em dois jogos disputados, mas do outro lado encontravam uma equipa de Braga que começou a temporada com duas derrotas, diante dos Lisboa Devils e Salgueiros Renegades, mas tinham conseguido uma vitória na viagem a Lisboa diante dos Bulldogs.
A primeira parte do jogo pode-se resumir em duas palavras: zero pontos.
Um jogo ultra defensivo, ambas as defesas a mostrarem as suas mais valias, imensos turnovers com os quarterbacks Tiago’s (Tiago Ladeira dos Navigators, Tiago Ranhada dos Warriors) a serem bastante perdulários em vários momentos e a nunca conseguirem efetivamente capitalizarem.
O grande momento da primeira parte ficaria mesmo reservado para próximo do intervalo quando os Navigators conseguem levar uma posse de bola até dentro das últimas 10 jardas do relvado da equipa da casa mas uma mentalidade “bend but don’t break” da defesa dos Warriors impede qualquer tipo de pontuação com um fieldgoal bloqueado a ser a consequência final.
No arranque da segunda parte a equipa da casa entrou decidida a fazer uma coisa: correr a bola e só parar na endzone.
Foi um drive que levou quase metade do quarto onde entre corridas do quarterback Tiago Ranhada, jogadas de jet sweeps de Rafael Pato e corridas mais verticais do portentoso Mário Dila na posição de runningback, os Warriors acabariam por capitalizar com um touchdown depois de mais de 60 jardas a correr a bola.
O protagonista foi Mário Dila que acabou por conseguir vergar a defesa da capital pela primeira (e única) vez no jogo sendo que o ponto extra seria bem convertido por Pedro Pavezzi.
Os Lisboa Navigators tentavam responder entre corridas de Rafael Dias e Ricardo Ladeira, mas a defesa dos Warriors jogou com disciplina e nunca verdadeiramente dando espaço para grandes aventuras da equipa de Lisboa.
Já no último quarto do encontro os Navigators continuavam a tentar uma remontada mas a defesa dos Warriors manteve consistentemente intransponível. Seriam os Warriors a ter nova melhor oportunidade para marcar já nos minutos finais, mas não conseguiriam converter um fieldgoal que passou próximo do poste esquerdo.
Nos minutos finais do jogo tivemos uma gestão de jogo algo estranha, por ambas as equipas na perspectiva ofensiva, com os Navigators a nunca conseguirem colocar o seu jogo de passe a funcionar (uma constante do jogo) e depois já dentro dos dois minutos os Warriors optam por executar jogadas para esgotar o relógio e tirar os dois timeouts dos Navigators, mas acabam por sair de campo, parando o jogo e ainda dando uns segundos finais aos Navigators, isto depois de mais um fieldgoal falhado para a equipa da casa.
Nesses segundos finais chegaria a “cereja” da exibição defensiva dos Warriors com Bruno “Panta” Ferreira a recuperar um fumble de Tiago Ladeira numa tentativa de lateralização e marcando mais seis pontos, com direito a ponto extra, para o resultado final.
Um exibição de gala da equipa dos Warriors na perspectiva defensiva, uma vitória devidamente bem entregue aquela que foi a melhor equipa no relvado e a equipa de Braga parece querer desafiar o mundo e vai continuar a lutar por uma lugar nos playoffs com dois jogos pela frente, diante dos rivais Maia Mutts e diante dos campeões em título, Cascais Crusaders.
Destaque pela positiva – Lisboa Navigators
A defesa dos Navigators é fundamentalmente bem trabalhada e com imenso talento que só pode continuar a trabalhar e crescer. Acabou por conseguir segurar os adversários a apenas um touchdown fruto de uma boa entrada do adversário com ajustamentos bem medidos e aplicados.
Aspectos a melhorar – Lisboa Navigators
O foco volta a estar no ataque da equipa de Lisboa que continua com um esquema que não acredito que maximize as mais valias do seu quarterback. Temos esquemas e jogadas ofensivas muito bem desenhadas, nota-se que existe muito trabalho, mas é adequado aos recursos humanos da equipa? Certo que sentiram falta de alguns playmakers ofensivos, mas a equipa deve ser colocada em posição para ser bem-sucedida e não foi o caso custando aqui a primeira derrota da temporada.
Destaque pela positiva – Braga Warriors
Genuinamente tenho pena de não existir um filme de qualidade do primeiro jogo da temporada dos Warriors porque a defesa está a jogar a um nível absurdo e questiono-me como sofreram 35 pontos na primeira jornada da competição. Jogam enquanto unidade, os 11 jogadores em campo estão em constante sintonia, são extremamente físicos e parecem ter resposta para quase tudo o que lhes é atirado. Não é sorte, é muito trabalho e excelente coaching.
Aspectos a melhorar – Braga Warriors
Vimos o Tiago Ranhada a soltar um pouco mais o seu braço algo que em março tínhamos destacado que era algo importante e que claramente estava em falta. O ataque continua a precisar de maior dinâmica e execução porque o “power football” funcionou mas não irá ser sempre o que precisam para vencer. Destaque também para vários fieldgoals falhados e uma gestão de relógio no final que podia ter corrido mal, não fosse a defesa ter jogado “lights out”.