Era a última oportunidade dos Lisboa Bulldogs para sonharem com os playoffs e era a oportunidade derradeira dos Cascais Crusaders para voltarem às vitórias depois de um resultado menos bem conseguido no seu último jogo.
Ambas as equipas mostraram a vontade, a abordagem e a crença de fazer uso dessa oportunidade, e desde cedo percebemos que o jogo ia ser bem disputado e sujeito a detalhes.
Em termos de abordagem aquilo que queremos destacar claramente para a equipa dos Bulldogs foi a mudança promovida na posição de quarterback onde Nuno Represas assumiu a posição em deterioramento de André Braz. Essa mudança promoveu maior verticalidade no jogo de passe e um jogador mais dinâmico na própria posição que deu um desafio adicional para a equipa de Cascais.
Do lado dos Crusaders, a abordagem passou muito por voltar ao “back to basics” no jogo de corrida onde Salvador Bolzoni virou claramente o protagonista e João “Train” Marques além de tudo o que adiciona ao jogo na perspectiva defensiva também assumiu destaque ofensivo no jogo de corrida.
A primeira parte do jogo acabou por ser ganha na generalidade do tempo pelos Bulldogs que conseguiram controlar o jogo e acabaram por conseguir capitalizar com um grande touchdown para Gustavo Machado que bateu individualmente o seu adversário para dar a primeira vantagem da partida, e da temporada, aos Bulldogs. O ponto extra seria bem convertido.
Ainda antes do intervalo tivemos tentativa de reação pelos Crusaders, mas sem sucesso, a defesa dos Bulldogs jogava de forma muito coesa e sem dar grande margem de progressão aos seus adversários.
Mas o início do segundo tempo foi muito positivo para os Crusaders, começou com uma excelente devolução de bola por parte de Patrick Mussi e logo na primeira jogada Salvador Bolzoni apanha a defesa adversária a dormir e corre para aproximadamente 40 jardas e o primeiro touchdown da equipa de Cascais, empatando a partida com um pontapé extra bem convertido.
Os Bulldogs tentavam responder e entre corridas de Paulo “Sabonete” Alves e Nuno Represas a equipa ia progredindo, mas sem conseguirem marcar, terminando a tentativa de resposta num fieldgoal falhado.
E a experiência dos Crusaders fez-se sentir onde conseguem “montar” um drive longo, a nível de jardas e de tempo, para alcançarem a sua primeira vantagem na partida depois de um touchdown de corrida de João “Train” Marques mas num drive onde tivemos Francisco Lory, Duarte Cruz e o inevitável Salvador Bolzoni a produzir. O ponto extra não seria bem convertido.
Já no último quarto temos nova resposta dos Bulldogs e temos uma das recepções mais bonitas da partida com Marcos Ramos a receber um belo passe em profundidade para apanhar desprevenida uma secondary defensiva dos Crusaders que passou algumas dificuldades na partida.
Essa posse de bola deixou os Bulldogs próximo da redzone e capitalizariam com um passe para Sukha Singh que deixaria tudo empatado depois de ponto extra não convertido.
Nova resposta da equipa da casa e muita corrida envolvida para terminar um novo drive longo em touchdown com a mesma jogada do primeiro touchdown, mas agora próximo da redzone, para Salvador Bolzoni marcar o seu segundo touchdown e aquele que seria o touchdown também da vitória.
Importante ainda destacar no final a nova resposta dos Bulldogs que terminou numa intercepção de Tiago Almeida, cornerback dos Crusaders, que ficou ligado ao segundo touchdown dos Bulldogs mas que se conseguiu redimir e selar a vitória para a sua equipa. Nunca é como se começa, mas sim como se termina.
Um jogo muito bem disputado, uma grande resposta dos Bulldogs aquilo que tinham feito nas primeiras jornadas da temporada e no final o doce sabor da vitória ficou com os Crusaders que são uma equipa diferente daquela que nos mostrou nos últimos dois anos, mas sempre com bases e fundamentos muito sólidos em particular quando decidem regressar aos mesmos.
Destaque pela positiva (Bulldogs)
Claramente outra faísca ofensiva neste jogo para os Bulldogs que juntamente com uma defesa que já tinha revelado bons apontamentos, poderia ter munido a equipa de Lisboa de outra posição na tabela classificativa caso tudo se tivesse realizado mais cedo. Foi um jogo muito bem conseguido nas duas fases (ataque e defesa) mas quero destacar a intensidade defensiva que os Bulldogs trouxeram e que se sentiu na análise, em vídeo, ao jogo.
Aspectos a melhorar (Bulldogs)
Com a eliminação dos playoffs neste momento os Bulldogs podem e devem encarar a época como mais uma oportunidade de crescimento. Uma equipa que apontei muito a questão emocional como um aspecto a melhorar tem melhorado nesse departamento (dentro de campo) bem como a nível de execução. Cada ano tem sido um recomeço para os Bulldogs, espero que eventualmente possam dar continuidade ao trabalho deste ano no próximo porque juntos e na mesma página são uma equipa que pode ser perigosa.
Destaque pela positiva (Crusaders)
Já são muitos anos de experiência para o Coach Terrinca, mas a capacidade que continua a ter de encontrar formas de vencer fabulosa. A forma como colocou a sua equipa na segunda parte a ter drives longos, bem sustentados, a correr a bola e acima de tudo sem cometer grandes erros é uma profunda lição de bom coaching.
Aspectos a melhorar (Crusaders)
O aspecto a melhorar é claramente a capacidade de levar pressão ao quarterback algo que uma linha de três jogadores não tem conseguido e mesmo com quatro jogadores não é constante. Um outro elemento a destacar é a entrada de muitos novos jogadores no alinhamento dos Crusaders, em particular na defesa, algo que tenho a certeza com a temporada só vai melhorar e, por isso, um aspecto que não têm de melhorar mas que sei que irá melhorar.
Fotografia: Figueira.Photo IG: @figueira.photo