Foi no sábado, 20 de Abril, que tivemos a sequela da batalha pela capital com os Lisboa Bulldogs a viajarem até casa dos Lisboa Navigators num jogo que prometia emoção apesar do já (95%) consumado afastamento dos Bulldogs dos playoffs.
Para quem possa estar a pensar ainda existe um caminho para os Bulldogs irem aos playoffs mas implicaria um empate de 2-4 entre Navigators, Warriors, Mutts e Bulldogs onde a equipa dos Bulldogs tivesse de ganhar no desempate entre pontos marcados e pontos sofridos nos duelos entre essas 4 equipas.
Neste momento para esse cenário acontecer é necessário um conjunto de resultados completamente LOUCO pelo que colocamos essa probabilidade num alinhamento de 5%.
Voltando ao jogo que é o que realmente interessa, os Bulldogs desde que promoveram a mudança na posição de quarterback com a saída de André Braz e entrada de Nuno Represas mostraram ser um ataque muito mais dinâmico e muito mais explosivo.
O primeiro quarto do jogo foi pautado por domínio defensivo, ambas as equipas tentavam fazer algo acontecer, mas sem sequência até que Pedro Monteiro, runningback dos Bulldogs conseguiu furar a linha da endzone pela primeira vez e marcaria o primeiro touchdown do jogo com o 1º quarto mesmo a acabar. O ponto extra seria bem convertido pelo Gustavo Machado.
Imediatamente no drive seguinte tivemos a resposta da equipa dos Navigators que parece ser uma equipa que gosta de jogar “encostada”, e num drive onde Jardel Andrade e Ricardo Ladeira moveram a bola através do jogo de corrida, com jogadas muito bem desenhadas e acima de tudo executadas, seria depois um passe para Ricardo Faia que daria o primeiro touchdown do jogo para a equipa da casa, mas o ponto extra falhado dava a vantagem aos Bulldogs.
Ainda antes do intervalo, a equipa dos Navigators começa um drive completamente encostado à sua endzone e num mau snap, a bola chegou muito alta a Tiago Ladeira, acabamos por ter um fumble e Danilo Gualberto, o eletrizante jogador defensivo dos bulldogs, recupera a bola e faz um touchdown defensivo para a sua equipa. Ponto extra novamente bem convertido novamente pelo Gustavo Machado
Depois do intervalo o jogo foi completamente relançado, um drive soberbo por parte da equipa da casa onde começámos a ter Tiago Ladeira mais envolvido no jogo de corrida, resultou num touchdown do próprio quarterback fixando o resultado em 14-12 fruto de novo ponto extra não convertido.
O resto do quarto foi bem disputado, com muita intensidade em particular em ambas as linhas ofensivas e defensivas, as batalhas entre Sory e João Nes foram intensas, ambas as equipas conseguiam avançar mas nunca realmente conseguiam capitalizar com pontos.
Seria já nos últimos 5 minutos do último quarto que Nuno Represas quis mostrar que é um “feiticeiro” e primeiro usou o seu poder de corrida para encontrar a endzone, somando mais 6 pontos com ponto extra falhado, mas logo de seguida em novo drive ofensivo com um fumble recuperado pela sua defesa, encontra Sukha Singh que faz uma recepção para touchdown completamente a-b-s-u-r-d-a.
Os Navigators ainda tentaram responder mas o jogo depois acabou com a equipa dos Navigators a fazer knee down, mostrando respeito pelo seu adversário, respeito pelo jogo e focando-se nos jogos que ainda estão para vir.
Tendo tido a oportunidade de arbitrar esta partida, e igualmente depois de observar o jogo para tirar algumas ilações, que o jogo foi bem disputado com um critério justo para ambas as equipas. Ao intervalo era notório que o jogo ia ficar cada vez mais intenso mas ambas as equipas, com foco nas duas defesas, souberam também respeitar o jogo e jogar dentro do limite das regras, exceptuando obviamente os habituais “bate palavras” que acontecem e vão sempre acontecer.
Geralmente evito falar de arbitragem, mas como tive a oportunidade ser o árbitro da partida sinto-me completamente confortável em enumerar que houveram três erros de arbitragem que podem ter tido influência no decorrer do jogo mas nunca no vencedor final. Dois apitos inadvertidos em momentos de fumble dos Lisboa Navigators, um deles que foi assumido por nós, o outro onde assumimos na mesma o fumble porque o apito foi no processo da perda da bola e houve uma clara recuperação defensiva sem qualquer tipo de jogador dos Navigators próximo da bola. E, por último, um offside que ficou por marcar aos Navigators no ponto extra falhado dos Bulldogs e que na altura poderia ter deixado o jogo por duas posses de bola.
Em jeito de transparência acho justo que se admitam os erros que ocorrem no jogo, informação igualmente transmitida ao treinador principal no decorrer do jogo e que se aprenda com isso para o futuro.
Em suma foi um jogo bem disputado de Futebol Americano onde ganhou a melhor equipa dentro das quatro linhas.
Destaque pela positiva (Bulldogs)
Já no último jogo dos Bulldogs destaquei a faísca ofensiva que a equipa teve com Nuno Represas a quarterback. Um jogador que sabe ter a bola nas mãos e consegue fazer coisas fora do pocket, apenas pode evoluir no jogo de passe mas transmite uma voz de comando e acima de tudo tranquilidade que a equipa de Lisboa muito precisava. Muito ajuda também o tamanho e violência (positiva!) da linha ofensiva que jogou “lights out”.
Aspectos a melhorar (Bulldogs)
Já falei no passado da questão emocional, já falei da necessidade de se colocarem todos na mesma página, diria que deste jogo o que fica é a necessidade de terem “memória curta”. Erros vão acontecer, faltas vão acontecer, importante é assumir e seguir em frente. O Futebol Americano é um jogo de “a próxima jogada”, os Bulldogs que se foquem nisso e continuem a crescer.
Destaque pela positiva (Navigators)
A defesa dos Navigators jogou sem metade dos seus habituais titulares, José Soares, Edinaldo Estrela e Paulo Silva apenas para citar alguns nomes. Apesar disso conseguiram dar oportunidades ao seu ataque, conseguiram turnovers e sofreram 3 dos 4 touchdowns sendo que 2 foi numa fase do jogo onde animicamente a equipa já estava a quebrar. A voz de comando de Pedro Figueiras no centro da defesa é um destaque igualmente positivo para mim.
Aspectos a melhorar (Navigators)
Ao fim de quatro jogos o problema para mim permanece o mesmo que é a falta de um fio condutor ofensivo. Se tivesse de resumir em uma palavra aquilo que sinto realmente faltar aos Navigators no prisma ofensivo, a palavra a usar seria criatividade.
Fotografia: @figueira.photo