Uma noite de sábado com Futebol Americano em Lisboa é tudo aquilo que precisávamos e talvez não soubéssemos. O jogo entre os Lisboa Navigators e Lisboa Devils arrancou eram 21h40, naquele que foi talvez o kickoff mais tardio da Liga Portuguesa de Futebol Americano.
O jogo prometia faíscas dentro do relvado, e numa noite com alguma chuva, ajudou a deixar o jogo mesmo bom para umas bancadas que se mostraram muito bem preenchidas.
O primeiro quarto do jogo foi super bem disputado, ambos os ataques optavam por tentar correr a bola, serem metódicos e controlar o jogo. No entanto cedo se percebeu que as defesas iam impor dificuldades e capitalizar com erros, foi isso que vimos com Tiago Ladeira a lançar intercepção no seu primeiro drive ofensivo e os Devils a nunca realmente conseguirem capitalizar à medida que o campo ia ficando mais curto.
Foi no segundo quarto do jogo que tivemos os primeiros pontos, foi Guilherme Solipa que transformou um pontapé dentro da redzone em três pontos com um fieldgoal bem conseguido.
A resposta dos Navigators chegaria logo depois com um drive sustentado com corridas de Tiago Ladeira, Rafael Silva, Ricardo Ladeira e o inevitável Jardel Andrade que seria quem marcaria o touchdown com uma corrida de belo efeito. O ponto extra seria falhado através de Cláudio Santos.
Até ao intervalo o jogo continuou com forte incidência defensiva e seriam os Navigators que voltariam a marcar, mais uma vez com o jogo de corrida a ser a forte componente do jogo dos Navigators, Jardel Andrade voltava a capitalizar e ao tentarem os dois pontos, a equipa dos Navigators não consegue converter, mas seguia para o intervalo com uma vantagem de duas posses de bola.
Após o intervalo era esperado algum tipo de ajustamento por parte dos Devils, o jogo de corrida simplesmente não funcionava porque a linha de scrimmage era dominada pela defesa dos Navigators, através de José Soares, João Nés e Edinaldo Estrela que tentavam impor o seu jogo.
O ajustamento foram passes mais curtos, no fundo extensões do jogo de corrida, para Jesuíno “Juzz” Furtado que tentou de tudo para ajudar a sua equipa.
Os Devils acabariam por ser a equipa que marcaria primeiro, novamente com um novo fieldgoal de Guilherme Solipa que voltaria a deixar o jogo por uma posse de bola.
Já no último quarto a expectativa era dos Devils responderem depois dos Navigators não conseguirem marcar, mas Bernardo Solipa lança uma intercepção que dá uma excelente posição para o ataque dos Navigators. Sem se fazerem de rogados, os Navigators capitalizam com Rafael Silva a marcar mais um touchdown de corrida. Nova tentativa de dois pontos sem sucesso mas uma vantagem novamente de duas posses de bola.
Os Devils reuniram todas as suas forças e depois de uma excelente posição no relvado fruto de um kickoff devolvido por Bruno Cardoso, os Devils conseguem converter vários downs e capitalizam com o seu primeiro touchdown numa corrida de Bernardo Solipa que enganou tudo e todos ao fingir que endoçou a bola para Jesuíno Furtado que serviu muito bem de “isco”. O ponto extra seria bem marcado e tínhamos novamente o jogo por uma posse de bola.
E se achávamos que o jogo ia terminar porque o relógio já caminhava para o final, e os Devils não tinham timeouts, desenganem-se porque tivemos um fumble forçado numa tentativa de quarto down e curto e os Devils têm oportunidade ainda de ganhar a partida.
Conseguem um grande passe para Bruno Cardoso que deixa a bola próximo da linha de meio campo, mas logo de seguida temos nova intercepção de Bernardo Solipa que acaba por sentenciar a partida.
Uma vitória dos Navigators que jogaram “através da sua defesa”, que não se perderam com os erros que acabaram por cometer ofensivamente e, acima de tudo, jogara, fiéis ao seu princípio de jogo – correr a bola!
Destaques pela positiva (Devils)
Os ajustamentos na segunda parte fizeram todo o sentido, tentarem atacar a defesa de outra forma e conseguiram de alguma forma capitalizar. As equipas especiais dos Devils são das melhores em Portugal, o Guilherme é “clutch” e mesmo a nível de kickoff return fazem um excelente trabalho através dos seus playmakers.
Aspectos a melhorar (Devils)
Ofensivamente a equipa joga desconectada entre si, nota-se que faltam repetições e que nem todos estão na mesma página. Defensivamente falta comunicação, as jogadas que funcionaram no início do jogo, funcionavam no final da partida, poucos ajustamentos. O problema permanece o mesmo ao longo da temporada.
Destaques pela positiva (Navigators)
A defesa dos Navigators com José Sores, Edinaldo “Naca” Estrela e Paulo Silva é outro ballet no que diz respeito ao seu “front 7”. Jogaram de forma complementar com a sua defesa e ataque a estarem em sintonia e saberem capitalizar com os altos de cada um dos lados.
Aspectos a melhorar (Navigators)
As equipas especiais dos Navigators precisam de muito trabalho, não é a primeira vez que o jogo através do kicker não funciona e, em jogos mais renhidos, e numa equipa que joga muito pela sua defesa, isso pode ser 100% a diferença.
Fotografias: Figueira.Photo