Imparáveis Guerreiros do Minho

Quase 12 anos depois os Braga Warriors conseguem voltar a vencer os Cascais Crusaders, num jogo que prometia e num jogo que entregou com emoção do início ao final da partida.


A equipa da casa apresentou-se com duas ausências de muito peso, o seu habitual quarterback titular, Matias Manuel, não jogou e o seu playmaker de várias dimensões, João “Train” Marques, também não participou no jogo levando a que outros jogadores tivessem de assumir o protagonismo.


A primeira parte do jogo foi muito bem disputada, a equipa da casa tentava usar o jogo de corrida através de Salvador Bolzoni, passes curtos para Francisco Lory e Bernardo Carvalho para tentarem mover a bola e o seu quarterback para o jogo, Francisco Ferreira, executou dentro da sua melhor capacidade.


No entanto do outro lado estava uma defesa que nos últimos três jogos tinha sofrido 0 pontos, num momento de forma extraordinário e com uma confiança que contagiava.


Na vertente ofensiva a linha ofensiva dos Braga Warriors tentava pautar o caminho para o seu jogo de corrida entrar, mas foi apenas quando tivemos Tiago Ranhada a soltar o braço que conseguimos ter uma das equipas a finalmente entrar nas últimas 20 jardas do relvado.


Estávamos nos últimos segundos da primeira parte, e a equipa dos Warriors sem conseguir quebrar a defesa adversária teve de ir para um pontapé aos postes e Pedro Pavezzi não falhou.

Ao intervalo era notório que a equipa dos Warriors dominava o jogo nas duas linhas de scrimmage, conseguiam impor o seu jogo de corrida, e do lado oposto não davam grandes avanços aos Crusaders que com a ausência de Matias Manuel perderam alguma verticalidade no seu jogo aéreo.


Após a paragem os Warriors trouxeram um drive que levou quase 7 minutos do relógio, super pautado, com corridas sempre com ganhos positivos, com Tiago Ranhada a ser protagonista e com Rafael Pato a ser o “pioneiro” ao conseguir receber um passe para touchdown. Não teríamos ponto extra e o resultado estava por duas posses de bola.


Os Crusaders tentaram responder e o drive até teve um bom ritmo e progressão, no entanto sempre com uma mentalidade “vergar, mas não partir”, a defesa dos Warriors foi aguentado, e aguentando, até que conseguiram forçar novo punt junto da equipa da casa.


Já no último quarto, sempre numa óptica de futebol americano complementar, a defesa dos Warriors consegue continuar a impedir progressões adversárias e o ataque consegue uma grande jogada com Tiago Ranhada a conseguir novo passe para Rafael Pato que com uma concentração e ajustamento extraordinários, vai buscar a bola e entra na endzone para novo touchdown.


Os Warriors ganhavam por 15 pontos e tentaram ir para dois pontos para deixar a partida por três posses de bola mas o passe não foi bem sucedido.


Até ao final do jogo os Crusaders nunca viraram a cara à luta, mas do outro lado estava uma defesa que fez história ao conseguir o seu quarto jogo consecutivo sem sofrer pontos, algo que não acontecia, no decorrer da fase regular, desde a 1ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano, com os Lisboa Navigators na altura a conseguirem o mesmo registo.


Com a vitória a equipa dos Braga Warriors apura-se para os playoffs e os Cascais Crusaders dependem apenas deles para conseguirem o bilhete para a fase do “mata mata”, mas para isso precisam de vencer o seu jogo final diante dos rivais Lisboa Devils.

Destaques pela positiva (Warriors):
A evolução dos Warriors ao longo da temporada é fruto de muito trabalho. O ataque claramente está com mecânicas muito mais oleadas e com o seu líder (Tiago Ranhada) a jogar noutro nível. A defesa joga com bases fundamentalmente muito sólidas, a comunicação é impressionante e nunca deixam de acreditar que cada um vai fazer o seu trabalho. Jogam futebol americano complementar e acima de tudo demonstram uma disciplina de equipa que ganha jogos e títulos. Pode ser o ano deles!

Aspectos a melhorar (Warriors):
Difícil de apontar alguma coisa, mas se tivesse que salientar algum elemento aqui será num cenário hipotético de a equipa finalmente sofrer pontos, será que o ataque terá capacidade de responder? A nível de explosão ofensiva a única arma real é o Rafael Pato, por isso será que outro elemento pode aparecer nos playoffs? Será que vai ser necessário? Respostas em Junho…


Destaques pela positiva (Crusaders):
O Francisco Ferreira teve de assumir o jogo e esteve na minha opinião fundamentalmente bem. Decidiu bem, fez as jogadas que podia e demonstrou sempre uma excelente postura na posição mais difícil em campo. Na defesa, apesar da ausência também do João “Train” Marques, a realidade é que trabalharam igualmente bem e conseguiram suster o seu adversário durante grande parte do jogo, comunicando bem e fazendo o que podiam com os recursos disponíveis.

Aspectos a melhorar (Warriors):
Com tantas ausências é ingrato salientar aqui qualquer ponto que esteja relacionado com os recursos humanos, por isso vou entrar em super detalhes. A decisão de jogarem um quarto down, ainda no seu lado do campo, e ainda na primeira parte com o jogo empatado a zero, achei desnecessário. No final do jogo, no último drive da partida, aceitaram uma falta que lhes comeu 40 segundos no relógio, era igualmente desnecessário. Fui ao “detalhe do detalhe”, mas o tema para mim é conseguem os Crusaders lidar com a pressão que têm agora em cima deles?

Fotografias: @figueira.photo

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