As expectativas para os Lisboa Bulldogs ao fim de três anos de projecto eram de se assumirem como uma equipa de playoffs, o que falhou?
Bom, ninguém monta uma equipa pensando em disputar os últimos lugares. Logicamente tínhamos ambições, acreditávamos que tínhamos potencial com as contratações de imports que foram feitas principalmente na primeira época em que eu estive, mas ninguém contava que dos 5 imports que trouxemos, 3 teriam lesões que encerrariam a temporada; ou que tivéssemos 9 quarterbacks diferentes em três épocas. Tivemos trocas de direção dentro do time e uma troca (para muito melhor) de clube, mas a verdade é que foram trocas muito complexas e inesperadas, muitas vezes.
No meu segundo ano de clube, ainda me adaptando ao país e todo o resto fui “obrigado” a assumir um posto que eu não tinha pretensões de assumir, que foi o de presidente do time, assim como esse ano novamente. Os jogadores sentem isso tudo, inclusive a possibilidade que apareceu de não jogarmos esse ano por causa da incerteza sobre o clube. Tudo isso afeta. Sob a minha gestão, mudamos um pouco o ponto de vista a respeito de imports e focamos em recrutamentos internos, subindo miúdos do Sub19 do time para a equipa principal, e deu muito certo. Aliás, somos a única equipa em Portugal que tem treinos exclusivos para jogadores sub19 equipados. Isso, no futuro, vai dar muitos frutos. E tivemos muitos esse ano, e nos próximos anos muitos talentos serão mostrados para todos.
Em suma: foram muitos percalços que duvido que qualquer equipa consiga se preparar. Juntando isso com jogadores que ainda não tem a mentalidade para chegarem nos playoffs, temos uma receita pronta. Mas faz parte do processo e isso aos poucos vai ser modificado, com certeza.
Quais foram os principais desafios da equipa ao longo da temporada?
Sem dúvida nenhuma, a assiduidade dos jogadores nos treinos. Isso afetou profundamente, principalmente no último jogo contra os Maia Mutts. O pensamento da linha ofensiva, por exemplo, após o jogo do Braga, foi essencial para termos um jogo melhor do que apresentávamos. Agora, se os jogadores não vão treinar, não é a comissão técnica que vai tirar “coelhos da cartola” o tempo todo.
Quais os aspectos que te deixam orgulhoso daquilo que a tua equipa alcançou ao longo desta época?
Ena, são vários. Muitos mesmo.
Conseguimos efetivamente ter miúdos para a equipa sub19, que no futuro vai abastecer a equipa adulta de Futebol Americano; Conseguimos criar a equipa feminina adulta de Flag Football, uma grande conquista; aumentamos o número de jogadores dos nossos escalões de Sub18 de Flag.
Melhoramos e muito nossa estrutura com o Clube de Rugby São Miguel, que é fantástico. Conseguimos uma interação excelente com os escalões de rugby do clube. Lançamos inúmeros talentos nesse ano, acreditamos nesse processo e seguimos nele.
Quantos times lançaram tantos rookies como o nosso esse ano? O Hugo Amaral como Coordenador de Secundária, por exemplo. Adilson Fortes, André Braz (Que fez exatamente o que eu acredito que é o modelo ideal: sair do Flag, ir ao Sub 19 e culminar com o adulto equipado), Alfinete, Nuno Represas se afirmando como QB, a confirmação de que o Roberto Tavares é o melhor Free Safety da liga, Pedrinho Monteiro – que grande ano do miúdo – , Guilherme Ferreira…
A volta de jogadores que foram jogar fora e voltaram ou que tinham saído, como o Sabonete,Rui Melo, Rodrigo Figueiredo, Daniel Moreno… isso conta muito. O amadurecimento do Marcos Ramos, como jogador de equipe, pronto pra se sacrificar em prol do time.
Estamos conseguindo bolsas de estudos e oportunidades para cada vez mais jogadores do nosso time, crescendo como pessoas e jogadores. Isso é muito mais importante do que chegar num playoff, de uma liga que teve que ser gerida às pressas porque o presidente sumiu e se esquivou das suas responsabilidades, sendo brutalmente honesto.
Gerencialmente falando tivemos um ano bom. Os resultados ainda não acompanham esses dados, ainda. Mas vão, em breve. Oxalá!
Foram 6 jogos, 6 batalhas, qual foi para ti o jogo que fica mais gravado na tua memória?
Sem dúvida o jogo contra o Lisboa Devils. Aquele jogo teve muita entrega, teve luta até o fim e vi ali um lampejo do que a equipa poderia mostrar no médio/longo prazo.
Em sentido oposto, qual foi o jogo em que fica um “sabor amargo” por aquilo que “poderia ter sido e não foi”?
Os jogos contra Braga Warriors e Maia Mutts.
Braga porque fizemos um jogo medonho. Fomos completamente improdutivos e erramos praticamente tudo. Com menos erros ali, talvez pudéssemos ter tido a chance de brigar por playoffs. Talvez.
Contra os Maia Mutts, a minha decepção veio semanas antes, quando via que os jogadores não entenderiam o quanto esse jogo significava para mim. Quando tenho 12 jogadores num treino, isso me diz muito.
Coach, entretanto foi anunciado por si que iria sair da liderança dos Lisboa Bulldogs, o que representa isso para a equipa?
Pessoas entram e saem. Isso foi meio que uma constante nos Lions/Bulldogs. O clube é maior do que o Coach P. O time é mais importante do que um treinador.
Tenho certeza que deixei um legado positivo e que possivelmente tenha continuidade no futuro, caso queiram utilizar uma base.
A pergunta que todos os adeptos dos Lisboa Bulldogs querem saber, quem será o seu sucessor?
Tentamos o Bill Belichick e o Rex Ryan, mas eles estão ocupados fazendo aparições nos podcasts e programas de TV. 😂
O Hugo, o Gonçalo e o Ygor vão receber novos coaches logo em breve para auxiliarem. Temos alguns jogadores que irão se retirar e mais coaches chegarão de fora. Esses três são competentes o suficientes e abnegados para tomarem as decisões que são as melhores para o clube.
Outra pergunta que todos os seguidores e adeptos do Coach Paulo Pillar querem saber, o que será do seu futuro enquanto treinador?
Volto para a Ásia em breve.
Recebi algumas propostas de equipas de alguns países e já tenho uma bem adiantada, está bem encaminhado. São questões de visto e burocracia, então é uma questão de tempo para poder anunciar.