8 de Junho marca o dia de todas a decisões para as quatro equipas apuradas para a fase a eliminar, para os playoffs, da 14ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano. Depois de uma das fases regulares mais imprevisíveis e repletas de emoção a expectativa é que na fase do “mata mata” possamos continuar a viver tantas emoções.
O primeiro duelo arranca pelas 15h no Campo do Outeiro, no Porto, com os Lisboa Devils a viajarem até ao norte para defrontar os Salgueiros Renegades. Um jogo que fica (para já) marcado por mais um triste episódio de gestão do comité de gestão da FPFA onde após não ter havido uma marcação oficial do jogo a 4 dias da realização do mesmo, por parte da equipa da casa, os Renegades, a equipa dos Devils decidiu invocar os regulamentos e marcar o jogo para Lisboa no dia 9 de Junho.
Uma situação prevista que foi imediatamente validada e oficializada com a convocatória de uma equipa de arbitragem para o dia 9 de Junho, domingo, pelas 15h no Campo Futebol Benfica para que em menos de 24 horas depois o jogo volte para o Porto, após uma votação dos membros que gerem os destinos da FPFA.
Até ao momento houve zero menção por parte dos membros que gerem as nomeações dos árbitros para esta nova mudança ou simplesmente com um pedido de desculpas para os intervenientes envolvidos.
A realidade é que muito se tem falado dos árbitros ao longo dos últimos anos, mas a realidade é que eles não são parte do problema e talvez seja importante uma profunda reflexão do porquê de a maioria dos árbitros não quererem compactuar durante muito tempo com toda a inércia e falta de gestão e liderança associado com a FPFA e LPFA.
Este ano têm sido sucessivas as questões em redor da gestão da LPFA e, no final do dia, quem perde são os apaixonados por este desporto, desde os jogadores, treinadores, simpatizantes dos clubes ou do próprio desporto que têm que navegar este triste circo que se foi instalando.
Queremos deixar aqui nota que o trabalho que fazemos em prol da divulgação do desporto é sempre com o intuito de aproximar todos ao nosso desporto favorito, o futebol americano, mas que não nos revemos nestas tristes e pobres situações, bem como não nos iremos calar perante as mesmas quando acharmos que podemos trazer transparência para o mesmo.
É da nossa opinião que o jogo deveria SEMPRE ser realizado no Porto, preferencialmente num dia e horário diferente do outro jogo no mesmo fim de semana, mas a partir do momento em que é oficializada uma mudança com uma convocatória oficial, voltar atrás na decisão sem qualquer tipo de critério, ignorando os regulamentos, é uma profunda falta de respeito para com todos.
No entanto voltamos o foco agora para o jogo, que esperemos que possa ser o ponto alto, e alheio, de toda esta situação. Ambas as equipas terminaram a fase regular com um registo de 4 vitórias e 2 derrotas mas com registos diferentes no que diz respeito a outros elementos da partida.
Ao longo da fase regular....
Os Devils marcaram 135 pontos sendo o ataque mais produtivo da fase regular, já os Renegades marcaram 97 pontos e terceiro melhor. No que diz respeito às defesas, os Devils sofreram 77 pontos e os Renegades sofreram 64 pontos, deixando as duas equipas no TOP3 da fase regular, os Devils em terceiro lugar e os Renegades na segunda posição.
As duas equipas também se defrontaram na fase regular e foi o jogo com menos pontos de toda a fase regular, apenas 13 pontos para as duas equipas, dois touchdowns marcados e um ponto falhado acabaram por ditar o vencedor dessa partida com vantagem para a equipa de Salgueiros.
Ao longo da história...
Sempre importante revisitar a história e temos uma bonita sanduíche de resultados entre as duas equipas. Foram seis duelos disputados, o primeiro e último ganhos pelos Renegades, com quatro vitórias dos Devils pelo meio.
O primeiro duelo na história foi a 26 de Abril 2014 com os Renegades a vencerem 41-19 os Devils que na altura se estreavam na 5ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano.
As duas equipas também se defrontaram numa final, na 8ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano, onde os Lisboa Devils venceram 40-35 os, na altura, Maia Renegades numa das finais mais emocionantes da competição. Nessa mesma época, durante a fase regular, os Devils tinham vencido 30-0, mas na final tiveram de sofrer.
Nos últimos três jogos disputados, duas vitórias para os Devils, ambas na 13ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano, uma na fase regular e outro na fase a eliminar sendo que esta temporada a vitória já sorriu aos Renegades que venceram na deslocação até Lisboa.
Principais duelos a considerar...
A nível individual queremos destacar os dois protagonistas ofensivos, Francisco Pereira e Bernardo Solipa, ambos os quarterbacks que têm um arsenal de competências elevado, mas que tiveram épocas menos bem conseguidas.
O quarterback dos Renegades tem sido sistematicamente pressionado e ao longo dos últimos três jogos disputados conseguiu apenas produzir 34 pontos o que dá uma média aproximada de 11.5 pontos por jogo. Para estes cálculos excluímos o jogo diante dos Maia Mutts que não aconteceu.
Já o quarterbacks dos Devils tem conseguido marcar mais pontos, tem 60 pontos nos últimos três jogos com uma média de 20 pontos por jogo, mas o jogo onde teve mais dificuldades ao longo da época foi realmente diante dos Renegades.
Olhando para os principais playmakers de cada equipa, no plano ofensivo, nos Devils destacamos Guilherme Solipa, Bruno Cardoso e o inevitável Jesuíno Furtado que chega aos playoffs num grande momento de forma depois de ter dado “chapa três” na defesa dos rivais de Cascais, em apenas dois quartos de jogo.
Já os Renegades têm em Vasco Pinheiro um verdadeiro canivete suíço, um jogador que faz tudo bem e que adiciona uma tremenda dimensão ao jogo dos Renegades. Apesar de uma época mais apagada, não podemos deixar de destacar igualmente João Maioto e Tomás Cavada que são outros elementos importantes no jogo da equipa de Salgueiros.
No plano defensivo temos duas defesas que valem mais pelo seu coletivo do que propriamente pelas suas individualidades, mas de alguma maneira duas defesas que até são bastante idênticas, ora vejamos:
Se nos Renegades temos o experiente e veterano João Mota na posição de linebacker, nos Devils temos David Martins que preenche o mesmo molde.
Se nos Renegades temos o irrevente Sandro Lopes na posição de safety/nickel, nos Devils temos Afonso Lucas que preenche um molde muito idêntico.
Se nos Renegades temos Rui Reis que é um “king” da linha de scrimmage, no Devils temos Luan Arruda que é um “kong” na mesma situação.
Temos, por fim, as duas unidades que na minha opinião são as mais frágeis, as linhas ofensivas de ambas as equipas. Os Renegades têm tido dificuldade em serem consistentes neste departamento, os Devils têm tido igualmente essa dificuldade, mas capitalizado um pouco mais no jogo de corrida, aquilo que poderá providenciar uma pequena vantagem para esta partida.
Fora do relvado...
Por fim, fora do relvado, uma grande vantagem para mim será o fator casa dos Salgueiros Renegades aliado a terem um conjunto de treinadores que pode ajudar a sua equipa na tomada de decisões e liderados por Marcus Allex que já nos mostrou que prepara muito bem as suas equipas, em particular no plano defensivo.
Uma grande desvantagem que os Lisboa Devils têm tido ao longo da temporada é o Bernardo Solipa ter a responsabilidade de ter de liderar a equipa na posição de quarterback com os papéis acrescidos de coordenador ofensivo e treinador principal da equipa. No entanto, é um papel que o Bernardo tem abraçado desde 2019 e onde já lhe valeu um título nacional em três finais disputadas, na fase do “mata mata” tem sido algo que tem pesado menos do que propriamente ao longo da temporada.
Prognósticos finais...
Um grande jogo de Futebol Americano em perspectiva, acredito que com mais pontos do que o jogo da fase regular que tivemos a oportunidade de ver em Lisboa, e onde um jogador poderá surgir como o protagonista e, nessa vertente, se tivesse de apostar em nomes iria entre o Bernardo Solipa e Francisco Pereira como os principais elementos para desempenharem esse papel, quer como o possível herói, quer como o possível vilão, desta partida.