Final de temporada com Marcus Allex

Os Salgueiros Renegades conseguiram o acesso aos playoffs mas acabaram por “tombar” diante dos Lisboa Devils que têm sido um rival duro para a equipa do norte do país na fase do “mata mata”.

Fomos falar com Marcus Allex para saber como viu o percurso da sua equipa na presente temporada, o que se pode retirar de positivo e menos positivo e como encara o futuro da sua equipa.

Como avalias a prestação geral dos Salgueiros Renegades na 14ª edição da LPFA?

Apesar de positiva, fomos muito mal perante o que desejamos ser.

Nós não evoluímos de forma visível nos variados setores e conseguimos nos manter com esse resultado graças ao sacrifício de alguns atletas em ter que dobrar ataque e defesa, jogar através de lesão ou até mudar de posição. Tivemos uma temporada com “soluços” e tendo que “parar” para resolver problemas e levantar estruturas que já deveriam estar automatizadas em sua resolução. Quem vê nossos jogos desse ano sabe claramente que não é uma equipe pronta e finalizada e aguarda por isso.

Se demanda mais esforço ou é só uma questão de tempo é o que vou analisar na pré-temporada.

Olhando para os teus dois anos a comandar a equipa de Salgueiros, quais consideras os pontos que a equipa melhorou do ano anterior para este? E, no sentido inverso, que aspectos a equipa deu um passo atrás?

Automatizamos alguns processos básicos, como aquecimentos pré-game, estrutura do treino e outros detalhes que passamos a fazer sem precisar pensar muito; ampliamos nossa logística de treino com tape de cima e outros detalhes pequenos.

Conseguimos expandir nossa capacidade de entendimento do jogo e integrar novas formas de jogar em pouco tempo. Porém a evolução parou quase que por aí, deixando muito a desejar na questão evolutiva dos atletas, visto que nos faltou um corpo dedicado a integridade física (tentei forçar com unidades dentro do próprio clube mas falhei nisso); por não termos tido o foco necessário ainda na fase de recrutamento no 4º trimestre de 2023 não conseguimos repor as graves e subsequentes lesões que foram acontecendo durante a temporada.

A integração da filosofia não conseguiu ser finalizada, e boa parte do time nao se uniu em uma só bandeira ainda como tinha a ideia que conseguiriamos fazer ainda no fim da temporada regular. A não evolução é por si so um passo para tras em uma equipe que almeja o topo. 

A época dos Renegades também fica marcada de alguma forma pelas situações “fora do âmbito desportivo” que aconteceram depois do jogo não realizado entre Maia Mutts e Salgueiros Renegades e também na semana antes do jogo de playoffs contra os Devils, isso influenciou a equipa?

Influencia e muito. Isso diverge nossa atenção, diverge nosso foco e nossa energia fica consumida com essas intrigas políticas que deveriam ser resolvidas ou passar ao largo da equipe. Nao foram apenas essas duas situaçoes, mas inúmeras outras em que deixei com que o extra campo tirasse nossa atenção do que realmente importa (pela impossibilidade do segredo na rede social ou pela crise chegar até mim pelos atletas que souberam por outras fontes). Somado ao nervosismo de uma semi final contra o mesmo time que nos tirou a final foi um problema gigante para a questão mental dos atletas.

Esta temporada os Salgueiros tiveram derrotas “sofridas”, na fase regular contra os Crusaders no final da partida com o onside/touchdown sofrido, contra os Navigators onde sofrem pontos no final da partida e num jogo onde estavas ausente e, agora nos playoffs, contra os Devils num jogo onde nunca conseguiram “regressar da desvantagem”. Que denominadores comuns encontras entre os três jogos ou achas que são tudo situações isoladas e diferentes?

Existe um denominador comum que nos traria a vitória nas três situações: disciplina

Digo isso porque a disciplina te dá acesso a outras qualidades necessárias a essas diferentes dificuldades apresentadas:

  1. FOCO:  o que faltou naqueles três minutos final contra o Crusaders. Não conseguimos recuperar o onside por desatenção, estávamos desatentos na jogada aérea posterior e desatentos a presença do melhor safety da liga.
  2. CONTROLE: eu estar ou nao deveria fazer falta a uma equipe disciplinada. Um exército que não cumpre ordens só porque o General não está não passa de um grupo de homens fadado ao fracasso.
  3. RESILIÊNCIA: ainda reagimos mal como time a situações adversas e essa e de longe nossa maior falha. Quando começamos perdendo damos o jogo como perdido e quando estamos ganhando a mínima falha nos coloca ladeira abaixo. Precisamos ser firmes em acreditar na nossa própria capacidade.

Focando agora no jogo contra os Lisboa Devils, qual foi o vosso foco na preparação para o jogo e o que falhou para não conseguirem a vitória?

O foco defensivo de toda equipe que joga contra o Devils é: parar o Juzz e cortar a conexão Solipa-Solipa. Ainda que eles tenham trago mais uma arma para equação que é o Bruno Cardoso, o ataque ainda passa por esse fundamento.

Mas falar é fácil, saber isso é fácil, treinar isso é fácil e fazer e muito, mas muito mais difícil. No 3º quarto o Juzz recebe tackle 2 jardas atrás da linha de scrimmage, sai, recebe mais 3, gira e cai com mais 4 homens ganhando 3 jardas… e desesperador a cena.

A conexão aérea acredito ter sido bem cortada nos dois jogos graças ao sistema de jogo e a qualidade dos nossos DBs (olhando estatísticas da para perceber isso).

Ofensivamente não conseguimos executar o nosso básico, e quando isso acontece não é o avançado que vai resolver. Não conseguimos correr por dentro, pouco sucesso correndo por fora, não conseguimos conectar o longo e não olhamos o passe curto que era nosso gameplan.

Falhamos como falhamos boa parte da temporada.

Qual é o futuro dos Salgueiros Renegades? O que projectas para a próxima temporada como necessidade de foco?

Temos que ter total concentração nas fases caso queiramos alguns sucesso próximo ano. Temos alguns atletas parando, então temos que ter total esforço e atenção as captações. Isso feito e bem amarrado passamos a fase do training camp com participação da equipe a competir na Temporada. A partir daí estamos prontos para competir em alto nível. Foi onde falhamos esse ano e é o que decidamos de foco total. No plano pessoal todo meu foco vai ao ataque. Temos peças boas demais para estarmos falhando. Estamos jogando potencial fora de não estarmos jogando o máximo que eles podem jogar e é onde vou colocar toda minha atenção até começar o Fundadores que vai servir de métrica. 

Olhando para a LPFA14 de forma global qual a tua opinião sobre o plano desportivo e aquilo que vimos acontecer?

A temporada já afirmou o que seria quando os Navigators ganha aos Crusaders no primeiro jogo. Aquilo jogou sangue na água e todo tubarão sentiu o cheiro de longe do que esperavam a muito tempo.

Isso energizou os times a acreditarem em jogar para mais que o segundo lugar. Foram jogos elétricos, surpreendentes e bons de assistir. Alguns times se reformularam e por mais que tenham sofrido um pouco com isso avançaram na minha concepção para deixar de serem o mesmo de sempre.

A única coisa recorrente a qual faço crítica, sendo maior crítica dedicada a meu próprio time, são as faltas pessoais. Raríssimo o jogo com menos de um expulso, e não invariáveis por flagrantes.

Precisamos como grupo de treinadores no país melhorar a qualidade disciplinar dos atletas. Não podemos ter esse tipo de atitude se queremos mais qualidade de jogo para vender a patrocinadores e torcedores.

Algum prognóstico que nos queiras deixar para a final entre os Lisboa Devils e Lisboa Navigators?

Tudo que venho acompanhando fala bem sobre defesas e como elas são importantes e acredito nesse mantra. Entretanto eu acredito que esse jogo passa por outra unidade: running backs.

Uma vitória do Devils consagra o Juzz como melhor da liga (ou melhor que já houve em Portugal) e uma vitória dos Navigators eleva o Jardel como o “novo” homem a ser parado ao lado do próprio Juzz e Bolzoni.

Vai ser um jogo terrestre porém muito vertical, e o trabalho das linhas vai ser crucial para declarar quem vence esse jogo.

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