Nove anos depois os Lisboa Navigators regressam a uma final da Liga Portuguesa de Futebol Americano, uma época surpreendente por parte da equipa dos Navigators, com jogos renhidos e onde conseguiram superar toda a adversidade com que se depararam e “calar os críticos”. Fomos falar com Daniel Silva, líder da equipa de Lisboa, para fazer uma antevisão para o grande jogo.
Nove anos depois, os Lisboa Navigators regressam a uma final da Liga Portuguesa de Futebol Americano. Como é marcar presença novamente num grande jogo?
É uma sensação tremenda, mas quem já esteve nestas situações sabe que ainda falta um jogo e chegando a esta fase, não há prémios de consolação ou medalhas de participação. É necessário ver o contexto da equipa e do clube e entender o trabalho que esta direção e staff começaram em 2019.
Tivemos de nos reinventar e avaliar a forma de trabalharmos, o que por vezes não é fácil, ainda para mais quando estão bem presentes as conquistas dos seis títulos. Esta final é a soma de muitos pequenos passos.
Um dos pontos que identificámos como sendo dos mais fortes tem sido a experiência e número de elementos do staff e a força da defesa. Como é esta dinâmica?
Esta foi uma das minhas maiores preocupações no início do projeto: como criar as melhores condições para sermos bem-sucedidos. O Futebol Americano é um desporto super coletivo, mas é igualmente um desporto muito especializado. Termos no staff treinadores com experiência e principalmente com bons princípios é o que ajuda a definir uma cultura que queremos que seja sustentável. A defesa acaba por ser a unidade que tem conseguido manter essa consistência fruto do trabalho de todo o staff e do seu coordenador defensivo, o Daniel Lourenço, e da experiência que foram ganhando ao longo destes últimos anos. Adicionalmente, este ano voltámos a contar com dois jogadores muito experientes na posição de Linebacker, o Paulo Silva e o Pedro Figueiras, que trouxeram um excelente complemento às bases que já tínhamos.
Ao longo desta temporada, os Navigators foram uma montanha-russa: ganharam dois jogos, perderam dois jogos, ganharam os últimos dois. Como tem sido esta viagem?
Talvez a vantagem que tivemos em começar o campeonato mais tarde acabou por ser um grande desafio com o avançar da época. Jogos de 15 em 15 dias, na nossa realidade, são complicados de garantir a consistência. Tivemos alguns jogadores chave que não estiveram disponíveis nos jogos dos Warriors e dos Bulldogs e isso, aliado a algumas falhas de execução, materializaram-se em derrotas. Mas a verdade é que essas duas derrotas acabaram por ser decisivas para o final de época que realizámos e demonstraram a resiliência de todos no clube.
Focando agora na grande final, conheces bem a equipa dos Devils, quais achas que são os seus pontos mais fortes e como achas que os podes parar e/ou limitar?
Os Devils são uma equipa experiente que tem estado em finais, embora perdendo. Ofensivamente têm três pilares:
1) ‘Juzz’ que continua a ser um jogador que se destaca pela sua consistência;
2) ‘Os Solipas’, que são uma dupla que mantém a sua dinâmica todos os anos;
3) O Bruno Cardoso, que é uma das grandes chaves do ataque dos Devils e que permite a sua flexibilidade.
Defensivamente temos de olhar para a secundária deles e para o Luan ‘Jacaré’ Arruda como os elementos que mais se evidenciam, mas percebendo que a táctica defensiva dos Devils é feita para os linebackers fazerem jogadas. Uma palavra ainda para as Special Teams dos Devils, onde o Guilherme tem sido o Kicker mais consistente dos últimos 2 anos.
Ao longo da época, nós (Tudo sobre Futebol americano) fomos destacando a bipolaridade do vosso ataque (Navigators). Achas que este jogo passa mais pela necessidade do vosso ataque em impor o jogo ou da vossa defesa em “segurar o jogo”?
As três fases do jogo vão ser importantes. Ignorando os últimos jogos da época anterior, que ganhámos, esta é a primeira época inteira do nosso quarterback, o Tiago Ladeira, e do nosso Kicker, o Cláudio Santos. É natural existir alguma inconsistência, mas que acho que a cada jogo e a cada treino vamos combatendo essa inexperiência. Adicionalmente, no grupo de receivers, só os nossos tight-ends jogaram o ano passado. Tudo aliado explica algumas das dores de crescimento que temos tido.
O grande mérito desta equipa é a solidariedade entre todos com um objetivo comum. O ataque quer impor o seu jogo por orgulho e por responsabilidade perante uma defesa que tem sido o pilar de tudo o que fazemos. Vamos tentar impor o nosso jogo ofensivo, sermos consistentes e sermos complementares à nossa defesa e essa deverá ser a receita para repetir o resultado da época regular.
A nível de duelos posicionais, na nossa opinião, os Lisboa Navigators têm vantagem sobre os Lisboa Devils na “batalha da linha de scrimmage”. Achas que esse será o segredo para o sucesso neste jogo?
Eu sou suspeito, mas adoro as nossas linhas Ofensivas e Defensivas. São dos atletas mais dedicados que temos no clube e têm sido a base para tudo o que fazemos. Sim, concordo que vai ser na linha de scrimmage que se vai decidir este jogo e nesse contexto só posso estar confiante na qualidade dos Navigators.
Que jogadores da tua equipa, um ofensivo e outro defensivo, achas que podem ser o FACTOR X para os Navigators ganharem o campeonato?
Aqui gostava de não ser óbvio e dizer os nomes que todos dizem. Esses tenho a certeza que todos sabem quem são e o que podem fazer. Mas queria destacar o Ricardo Ladeira, quem tem sido muito importante ao longo da época e cujo desempenho tem passado muito debaixo do radar enquanto running back. Defensivamente, o Bernardo Freitas a linebacker. Ele talvez não tenha as mesmas estatísticas de outros jogadores da mesma posição, mas tacticamente tem feito uma época excelente para o que necessitamos e espero que mantenha essa consistência neste jogo.
Queres deixar-nos o teu prognóstico para o jogo? (Resultado final, quem marca os vossos touchdowns e MVP da partida)
Esta é uma pergunta para o adepto. Como treinador, quero e acredito que ganhem os Navigators com justiça e com as armas adequadas para este jogo.