Lisboa Navigators recebiam os Maia Mutts num jogo onde era esperado muita resiliência mas ninguém esperava ver aquilo que realmente aconteceu…
Os Lisboa Navigators chegavam a este jogo com duas derrotas, sabendo de antemão que a vitória diante dos Maia Mutts era fundamental para as aspirações da equipa na temporada.
Já a equipa da Maia, depois de uma vitória sofrida e bem conquistada em Braga, tinha perdido o segundo duelo diante dos Devils, de Lisboa, que foram a casa dos Mutts e conseguiram “secar” por completo o ataque da equipa da Maia.
Os Mutts apresentaram-se em Lisboa apenas com 18 atletas equipados, uma equipa que já por si tem recursos humanos escassos mas que parece combater nesta fase da temporada algumas ausências por lesão, algumas ausências por motivos profissionais e/ou pessoais.
O jogo começou muito de feição para os antigos hexa campeões nacionais, no primeiro drive ofensivo Thibault Constantino conseguiu guiar a sua equipa num drive bem sustentado, com corridas curtas de Iuri Viegas, Nélson Fidalgo e alguns passes rápidos que permitiram aos Navigators colocarem-se junto da linha de touchdown.
Após isso, numa bonita movimentação de Nélson Fidalgo vindo de uma posição perto da linha de scrimmage, recebe o snap direto e, TE sneak, para o primeiro tochdown do jogo. O ponto extra seria bem bloqueado pela equipa dos Mutts.
Resultado: Mutts 0-6 Navigators
A resposta dos Mutts foi sem qualquer fogo, bem parado também pela defesa dos Navigators, e o ataque da equipa da casa teve nova oportunidade de capitalizar com novo drive ofensivo bem sustentado e guiado pelo Thibault Constantino, quarterback.
Já dentro da redzone adversária, seria um passe rápido para Iuri Viegas, saindo do backfield, que deu aos Navigators novo touchdown e vantagem na partida por duas posses de bola depois de João Vital colocar a bola entre os postes.
Resultado: Mutts 0-13 Navigators
O segundo quarto foi um vazio de ideias para as duas equipas ofensivamente, alguns avanços, alguns erros cometidos, em particular dentro do alerta dos dois minutos onde quer Arthur Faria, quarterback dos Mutts, quer Thibault Constantino lançariam intercepções.
Os únicos pontos deste quarto seriam num safety, consequência de um intentational grounding assinalado a Arthur Faria quando fez um passe já fora do pocket, dentro da sua própria endzone, mas sem ninguém nas imediações para ser considerado um passe dentro das regras.
Resultado Intervalo: Mutts 0-15 Navigators
No arranque da segunda parte a expectativa era que os Navigators continuassem a traduzir sua superioridade em termos de recursos humanos, em mais pontos. E, essa oportunidade veio logo depois de um punt bloqueado aos Mutts que deixou a equipa dos Navigators dentro da redzone, mas sem conseguirem marcar touchdown optam por um fieldgoal que tem a distância, mas não teve a direção.
Mas então, eis que acontece algo que já todos vimos em filmes, talvez já tenhamos vivido em algum momento das nossas vidas, mas temos que admitir que é um momento raro de se viver.
Os Mutts conseguem finalmente um drive consistente, correndo a bola com Ricardo Cunha, usando a mobilidade de Arthur Faria e a sua capacidade de fugir do pocket para beneficio da equipa da Maia e alcançamos o primeiro touchdown do jogo para a equipa dos Mutts.
É Ricardo Cunha que fugindo a vários adversários, nesta fase os Navigators deixaram de placar, o touchdown é bem conseguido, mas os dois pontos não o são.
Resultado: Mutts 6-15 Navigators
Imediatamente no drive ofensivo seguinte para a equipa de Lisboa, erro grave de Thibault Constantino que faz um passe que é interceptado por Francisco Pelayo que numa demonstração de velocidade e coração, leva a bola para touchdown, a primeira pick six da 13ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano. Desta feita os Mutts conseguem a conversão dos dois pontos, com Miguel Melo a ser o protagonista numa corrida também ela cheia de “vontade”.
Resultado: Mutts 14-15 Navigators
Nesta fase os Navigators estavam ainda a digerir os últimos minutos de jogo e tentavam esboçar uma reação, nada melhor do que convocar Nélson Fidalgo para impor o seu estilo de jogo físico e agressivo. Foi isso que fizeram com algumas corridas sucessivas, até que os Mutts mostram que agressividade é onde eles “nasceram” e numa jogada fantástica, um jogador defensivo dos Mutts literalmente rouba a bola das mãos de Nélson Fidalgo para novo turnover na partida.
Nesta fase o jogo entrava para o último quarto e os Mutts com a posse de bola sustentam novo bom drive ofensivo, Ricardo Cunha como o protagonista, mas Arthur Faria e Steven Martins, wide receiver, são os responsáveis da ação principal, com o touchdown que dava a liderança aos Mutts na partida. Desta feita os Mutts optaram por ir para um ponto, deixando Francisco Pelayo cumprir o seu dever.
Resultado: Mutts 21-15 Navigators
Após isto, os Navigators tentaram responder ofensivamente, mas encontraram sempre uma defesa dos Mutts que até se podia vergar, mas nunca se deixou destruir. Já dentro dos últimos dois minutos da partida os Mutts tiveram oportunidade de dilatar a vantagem, mas sem sucesso, deram a bola aos Navigators que ainda sonharam.
Na última posse de bola ofensiva um passe tremendo de Thibault Constantino deixou a sua equipa nas 30 jardas adversárias, deixou os Navigators ainda sonharem com a vitória, mas isso terminou depois de uma nova intercepção, desta feita de Marcony Alzaga pelos Mutts, selar definitivamente a vitória, numa remontada épica e histórica.
Resultado Final: Mutts 21-15 Navigators num jogo que ficará para a história como uma das remontadas mais épicas da Liga Portuguesa de Futebol Americano. Um jogo onde os Navigators terão pesadelos durante muitos anos porque deixaram a vitória fugir, um jogo onde os Mutts provaram porque são uma das referências nacionais e uma das equipas mais orgulhosas da história da competição.